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Filosofia Sputnik

Por Leo Lama

Sputnik você conhece, você já ouviu falar. Porém, nossa Sputnik não é vodka. A palavra Sputn em russo, ainda que possa não ter ligação com o radical de Sputnik, nos interessa, porque representa a idéia de “companheiros de viagem”, é o que somos.Mesmo que viagem signifique uma loucura de nossa cabeça.

 Nosso nome vem, como todos sabem, de um satélite soviético, o primeiro a ganhar o espaço, a girar ao redor da terra.Dizer que somos pioneiros em alguma coisa seria picaretagem e assim dizemos: somos pioneiros em dizer que não somos pioneiros em nada.Entre as definições de satélite no Aurélio encontram-se estas: astro que gira em torno de um planeta; entidade política, independente, dentro da esfera de influência de uma potência maior; o mineral que acompanha o diamante; companheiro inseparável; indivíduo assalariado que acompanha outro em más obras, etc. Somos um pouco disso tudo.

Imitamos o caminho percorrido por um astro, em seu movimento de translação através do espaço celeste.Esta é nossa esfera de ação, mas a cavidade em que está o globo do olho da nossa arte é profunda.Estamos em órbita.

Lançamos a Sputnik filmes no ar e do ponto de vista de nosso satélite, todos são pequenos.Não nos cabe superlativos que enalteçam nossas qualidades e digam o quanto somos melhores que os outros: não somos.O que nos interessa é a diferença como processo, a diferenciação constante, que luta contra a condição de gado.Não seguimos a boiada e nem deixaremos que nossa vaca vá para o brejo.

Nossa pequena nave quer pousar justamente aí, no local dessa diferença, e orbitar nos espaços ainda não explorados, mas que existem e estão esquecidos.Pensamos que é onde se encontra a singularidade de cada um e de cada lugar que está a universalidade e a visão mais ampla e menos globalizada. Queremos não só procurar a nossa voz e nosso olhar, como ouvir, enxergar e fazer com que ouçam e assistam a voz e o olhar alheios.e assim também pensamos nós.

E como os filósofos Adorno e Horkheimer escreveram em sua Dialética do Esclarecimento, dizemos que não pensamos “por tickets”, pensamento de massa que só sabe pensar em bloco, pensamos com o coração, com o jeito que temos e longe de qualquer noção fundamentalista de imposição e de verdade única.

Assim serão nossos documentários, nossos filmes, nossos vídeos, nossas exposições de arte, nossas fotografias, nossas peças de teatro, nossas músicas, assim são as imagens como vemos.Somos a única civilização que acredita no que os olhos vêem, no dizer de Eugênio Bucci, parafraseando Kafka, dizemos: “nossas histórias são uma maneira de fechar os olhos.”

 

Filmar é ir a um encontro,disse Robert Bresson.Nós somos um encontro de artistas. Queremos trabalhar!

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